
Tendências em Digital Commerce
Iniciando uma pauta muito importante sobre Digital Commerce no Vtex Day, Brendan Witcher, VP Principal Analyst da Forrester, disse que há uma convicção no mundo de que todas as empresas estão oferecendo algum tipo de personalização. Bom, questione se, de fato, todas estão mesmo. Entre os dados que Brendan trouxe, cerca de 89% das empresas dizem que estão investindo em personalizar a experiência do consumidor. No entanto, há um contraponto, pois apenas cerca de 40% dos consumidores dizem que as informações que recebem das marcas estão de acordo com seus gostos e interesses. Algo, realmente, precisa ser feito de maneira mais personalizada. E os clientes estão apontando isso.
Além disso, Witcher citou que é importante diferenciar o que é "hype" e o que "hot", ou seja, identificar o que, de fato, vai fazer diferença no seu negócio e o que será importante para o seu consumidor. Também é preciso saber, no detalhe, o que é apenas "moda", mas que não fará diferença.
Sobre as dicas que Brendan deu, ele reforçou que, atualmente, umas das mais importantes é usar engajamento nos app’s para criar experiências individualizadas para o consumidor. Entre os exemplos citados, contou que hotéis precisam entender quais são as características e gostos de cada consumidor, para que possam proporcionar uma experiência individualizada na estadia. Inclusive, 80% das pessoas dizem que iriam se sentir confortáveis em dar mais dados para ter uma experiência mais personalizada.
O VP da Forrester ainda revelou cinco passos para que seja possível manter-se no pensamento correto, a começar por não assumir que inovação não é complexa. Em segundo lugar, disse que não se deve antecipar às expectativas do consumidor: priorize corrigir o que os consumidores consideram valioso hoje, antes de trazer novas "super experiências" de compra. Como terceiro passo, saiba pescar onde tem peixe, ou seja, tenha prioridade em melhorar a experiência de quem já compra, para depois melhorar o que eles já gostam. No penúltimo step, disse que é necessário não se apressar em "check the box": tenha claro o objetivo do negócio, o que medir, para conseguir se houve conquistas ou não. E, por fim, esqueça o encantamento antes de corrigir as principais dores do consumidor: consumidores são mais influenciados por experiências ruins do que boas.
Foi falado muito sobre um conceito de “High Customer Adoption” com dois tipos de subscrição: compra recorrente ou assinatura. A vida das pessoas tem se voltado para uma mentalidade "subscription-oriented", numa tradução literal, orientada para assinaturas. Ou seja, é possível usar em diversos negócios (e isso tem aumentado muito nos últimos anos), como em roupas, supermercado, serviços, entretenimento, carros, comida etc..
Em pesquisas realizadas, foi possível identificar que 46% dos adultos que usaram subscription no mundo online fizeram porque o serviço traria economia no longo prazo. Além disso, 21% usaram porque estavam curiosos sobre a experiência de marca. Outro conceito que foi levado por Brendan Witcher foi o de silently hot: empresas "em qualquer lugar" estão adotando a estratégia de "mensagem certa, lugar certo, tempo certo". É o método mais “simples” de conversão: estar inserido na rotina da pessoa, independentemente se o ponto de venda é seu ou não.
José Galló, Presidente do Conselho Deliberativo da Renner, disse que não existe digitalização de apenas uma parte da empresa, afinal é uma mudança cultural. É importante que as pessoas achem de uma forma ou de outra, um jeito de encantar o cliente. No entanto, é importante reforçar que o processo digital é um meio de encantar mais o cliente e criar uma forma de ser mais competitivo, mas não é o único. Galló fez questão de reforçar a importância da digitalização, mas que isso seja feito de forma orgânica, pois as empresas têm que desenvolver processos, desde a entrada das pessoas. O Presidente do Conselho, inclusive, afirmou que já ter um processo de digitalização em curso foi importante para acelerar esse processo com a pandemia na Renner, que, por meio disso, obteve a transformação digital.

Insights Globais
Abordando sobre Insights Globais, Rafael Lourenço, VP Internacional da ClearSale, falou sobre a importância em se tornar global com app’s, e como isso impacta positivamente o seu e-commerce. Ao lado de Rafael Brandão, VP of Global Alliances da VTEX e Breno Berman, Founder da Biso, Lourenço citou a importância em estar num evento da magnitude do Vtex Day e como isso é uma ótima oportunidade para as marcas difundirem o conhecimento para o mercado.
Foram discutidos, também, os grandes desafios de fazer um app atrativo. Não pode apenas ter um aplicativo apenas por ter, mas sim trazer algo que tenha propósito e, realmente, faça a diferença para o awareness da marca. Entre as oportunidades, Rafael debateu que as lojas de aplicativos são ótimas geradoras de leads. Por fim, finalizou citando a expectativa dos próximos passos da ClearSale com a VTEX. Apesar de desafiadoras, as jornadas contêm elementos complementares e irão se cruzar em busca de mais cases de sucesso.
Brendan Witcher, VP Principal Analyst da Forrester, trouxe alguns pontos interessantes e abordou três sistemas necessários para tornar dados em insights, e insights em grandes experiências. O caminho, em tese, é esse: sistemas de insights, passando por sistemas de engajamento e finalizando em sistemas de automação.
Witcher também pontuou anotações importantes sobre os dados: os dados são confiáveis para gerar insights? Os dados podem ajudar a melhorar o marketing, vendas ou estratégias operacionais? Os dados são relevantes para dar suporte para as prioridades da empresa, metas e objetivos da marca? Por conta de processos de digitalização, como disse Galló em sua palestra sobre como a cultura Customer Centric está impulsionando a transformação digital, felizmente as empresas já têm priorizado a facilidade de integração de dados através dos sistemas. Pois, no final do dia, não adianta investir em tecnologia se a cultura organizacional não for boa e o negócio não ser voltado a métricas.
No painel Comércio digital em 2026, Jordan Jewel, Diretor de Growth e Estratégia na VTEX Global, abriu o seu painel falando para que as pessoas se questionem e pensem no futuro, esqueçam de tudo o que conhecemos sobre e-commerce até o momento, pois estamos em um período para refletir e planejar um e-commerce do futuro, como ele poderia ser? O que teríamos que implementar de novo? Como podemos fazer a experiência melhorar? Essas foram algumas das perguntas trazidas por Jewell.
Jewel trouxe seis trends moldando o comércio eletrônico atualmente: começou falando sobre channel explosion, que no passado o consumidor tinha canais individuais, agora tem incontáveis canais com a tecnologia. Em segundo lugar, experience economy, antes o melhor preço guiava a compra, atualmente é a experiência guia. Por exemplo, você não compra um boneco do Mickey porque ele é macio, mas sim porque é personagem da Disney. Em terceiro lugar, experimentation, e disse que antes havia apenas um modelo de negócio, hoje as empresas começam a ter diversos modelos de negócio, como a Amazon. Na quarta posição das trends, collaborative commerce, já que antes a logística era estática, agora é dinâmica. Quanto mais dinâmica a logística, mais dinâmica a performance. Assim é possível levar o produto para o meu cliente muito mais rápido. Marketplaces, por exemplo, são muito importantes para ter vários fornecedores e não um único. Você tem maior volume, não depende de um único. Em quinto, engagement first selling, que conta como experiências convencionais se tornaram experiências imersivas. As redes sociais são um exemplo disso, com vídeos, experiências interativas para o consumidor, que sente-se fazendo parte das tendências e daquilo. Por fim, mas não menos importante, falou sobre descentralização e web 2.0 para web 3.0. Pois é aí que o Metaverso entra, assim como a economia com blockchain e NFTs. Não estará mais na mão de certos players, será democratizado e justo para todos.
Pensando no cenário do ecommerce para 2026, o Diretor de Growth e Estratégia na VTEX, listou seis possibilidades. Começou pelo cenário 1, que aparece, ainda, com os marketplaces dominando, uma curadoria mais importante que manutenção de estoque (SKU), além de novas formas de marketplace emergindo. No cenário 2, os consumidores gastam mais com marcas que eles confiam. Eles vão comprar de empresas com produtos e operações mais sustentáveis. Para isso, a transparência é a chave. Marcas serão mais abertas sobre suas operações para conquistar a lealdade do consumidor. Com isso, há uma previsão de que 20% de todas as experiências no comércio serão impulsionados por informações sobre sustentabilidade. No cenário 3, um conceito de “varejo se torna digital em primeiro lugar”. Ou seja, as lojas vão aumentar a venda de experiências e digital price tags e telas vão se tornar mais presentes para aumentar o engajamento com a compra.
No cenário 4, o vídeo se torna a experiência de compra padrão, assim como mídias sociais, o comércio será dominado por experiências baseadas em vídeo. Os consumidores vão ter a descoberta do produto completa para pesquisar, comparar com vídeo feeds e a previsão é que em 2026, 20% de todo o e-commerce vai tomar lugar de experiência de comércio no mundo todo. Agora, quando falamos do cenário 5, o delivery autônomo faz o reabastecimento pensando no passado e nas experiências que aquela pessoa já teve com a loja ou com a marca. Nesse caso, a inteligência artificial vai ser essencial e dominante, pois as entregas acontecerão via veículos autônomos e drones. A previsão para esse cenário em 2026 é que mais de 10% das transações de e-commerce no mundo serão abastecidas por comércio autônomo, sem envolvimento humano. Por fim, no cenário 6, as NFTs serão a nova prova de propriedade. Marcas como a Chanel vão investir em iniciativas de passaporte digital para substituir cartões físicos com intuito de ressignificação de propriedade. Na NRF, por exemplo, já foi possível ver algumas iniciativas das grandes marcas. Haverá produtos eletrônicos só vai funcionar com autenticação do dono da propriedade. Com relação a este cenário e uma previsão é que em 2026, 20% das top 100 marcas de moda e luxo vão oferecer NFTs junto com produtos físicos como prova de propriedade ou com propósitos de comunidade.

Community Commerce
Em palestras que aconteceram no palco principal, e que contaram com a presença dos fundadores e CEOs da VTEX, Geraldo Thomáz e Mariano Gomide, e algumas participações especiais, como de Lara Bussi, coordenadora de ecommerce da Michael Kors BR, trouxeram bons exemplos sobre como as tendências de Comunity Commerce, que é altamente baseado em relacionamento e confiança, podem impactar positivamente os negócios.
Lara citou números de como um atendimento exclusivo pode fazer toda diferença para um negócio. Cerca de 92% das pessoas que têm boas experiências com troca, voltam a comprar com a marca! Já 85% das pessoas que recebem a compra em até dois dias também têm maior probabilidade de comprar outro produto em até três meses.

Omnichannel
Adriano Tavolassi, Diretor de E-commerce, Digital e Omnichannel na Vivara, Léo Santos, Head de Growth da VTEX, e Rodrigo Spillere, CTIO da Le Biscuit abordaram a importância da omnicanalidade. Tavolassi, por exemplo, falou sobre a importância das jornadas sem fricção e o quanto isso é benéfico para que a marca não perca vendas. A questão da não-fricção na jornada de um cliente também foi tema do palco principal quando Mariano Gomide conversou com especialistas da Samsung que reforçaram o quanto jornadas contínuas, limpas e sem atritos impactam na satisfação final do cliente.
Voltando ao painel sobre as Melhores Práticas em Integração de Canais, Adriano deu um exemplo de como o consumidor, atualmente, pode chegar em uma loja da Vivara e conseguir a compra que deseja, de uma forma ou de outra, pensando sempre na integralidade dos canais e, claro, priorizando o atendimento que sempre foi o diferencial da marca. Hoje, ele considera que a empresa perder uma venda por não poder oferecer um produto é algo extremamente prejudicial naquele momento, é algo que impacta a percepção que o consumidor terá da marca na próxima vez que for tentar adquirir algo. Por isso, por mais que haja diferentes canais, manter um padrão alto de atendimento e não frustrar o cliente em um momento de compra são passos fundamentais para o sucesso.
Foi falado também sobre a importância dos app’s e de como eles podem ser fundamentais nos momentos de compras atuais. Comentou-se que ter um app, sim, é importante para o consumidor, desde que ele ofereça uma jornada diferente das que são encontradas em outros canais, mas não esquecendo-se do conceito omnichannel e que, no fundo, apesar das diferenças, tudo precisa ser uma coisa só!
Adriano Ciarletti, Head de Ecommerce do Carrefour, teve um debate com Rafaela Rezende, VP de Customer Success da VTEX, e ambos falaram sobre a transformação digital, em especial, a que ele dirigiu do Carrefour e tornou-se um case de mercado. Como início, Ciarletti citou, entre os principais feitos para o case de sucesso do Carrefour, é terem um time totalmente em sinergia, seja para lojas físicas ou digitais, já que no final das contas a compra independe do canal para o consumidor. E essa sinergia que há entre os times é fundamental, pois cada um entende o que acontece na outra esfera. É importante que haja essa dinâmica em busca do sucesso na omnichanalidade. Adriano também citou que, de início, essa é uma decisão de risco (unir conceitos de dois canais), mas concluiu dizendo que há um caminho novo no digital, e que ele precisa ser explorado e aproveitado. Para que se tenha sucesso na transformação digital, o primeiro passo é pensar exclusivamente no cliente, depois olhar para planilhas, táticas, o que está no azul ou no vermelho.
O Head de Ecommerce disse que, atualmente, consegue mensurar a satisfação do cliente em cima de incontáveis indicadores, e que isso é fantástico para que sejam tomadas as melhores decisões! Reforçou a importância disso ser mensurado por todas as marcas que querem sucesso! Não é apenas um NPS que vai te dizer que você está no caminho certo. Há mais formas de mensurar satisfação e elas precisam ser usadas.
Para fechar o papo, ele foi questionado por Rafaela sobre o futuro do digital, algumas tendências e o que imagina para o futuro. Adriano disse que quer deixar um legado e quer finalizar a missão de, além de ser líder no Brasil, que o negócio sirva a todos. O sonho é democratizar o serviço, e não servir apenas uma parte da população. O prazo estipulado para isso é cerca de dois anos. E completa dizendo: “queremos fazer a diferença para o cliente.”
Na palestra de Brendan Witcher, ele trouxe um conceito de “Hot but misunderstood”. Quando existe uma transformação total para omnichannel, é necessário quatro pilares de mudança para criar uma experiência única de marca: engajamento, cumprimento, produto/preço/promoção e visão do cliente.
Oderi Leite, Diretor de Digital e Omnichannel da Cobasi, ressaltou o quanto a velocidade é emblemática dentro de vários segmentos, e deu um exemplo da “Cobasi Já”. Contou que a pandemia estimulou a criação do drive thru para o cliente não precisar sair do carro e se expor. Entre os pontos mais altos da sua palestra, e de sua área de conhecimento, Oderi afirmou que a jornada pode ser mais conectada e personalizada em uma empresa omnichannel, ainda mais se há o componente baseado em pessoas dentro da loja.
Para fechar, ressaltou como é aplicado o conceito de ampliar a informação para o cliente, com aspectos transacionais e nutritivos. As jornadas de conversar com o consumidor de forma que ele interaja é uma forma das empresas terem jornadas mais interativas e customizadas. Nos pontos físicos, Oderi revelou que há discussões dentro da empresa sobre fazer mais do que abastecer a loja, e não torná-la só um ponto para venda em meios digitais.

Negócios globais a partir da América Latina
O primeiro painel do segundo dia de Vtex Day contou com a presença de Mariano Gomide, Founder e CEO da VTEX, Guilherme Benchimol, Fundador da XP, David Vélez, Founder e CEO do Nubank, e Rodolfo Medina, Presidente Executivo, do Grupo Dreamers, que tem o Rock In Rio em seu portfólio de produtos.
O que se percebeu muito durante a conversa entre o quarteto foram mensagens de resiliência e o foco em projetos a longo prazo em seu negócio. Isso faz muita conexão com o tema da palestra “De Azarão a Líder: como criar negócios globais a partir da América Latina”
As primeiras falas foram de Medina, que começou falando como surgiu o Rock In Rio, que tudo partiu de uma vontade em tornar um sonho real. Apesar da primeira edição do evento ter sido um sucesso de entregas, seja para clientes ou patrocinadores, não foi rentável e isso fez com que as próximas fossem postergadas para que a organização pudesse pagar uma grande dívida. No entanto, ele não desistiu e manteve a resiliência nos projetos para tornar o que o Rock In Rio é hoje - muito mais do um evento, mas sim, uma experiência completa!
Já Benchimol contou como surgiu a XP, e disse que a sua tacada final, após uma sequência de fracassos, foi vender o seu conhecimento por meio de um curso - que deu certo e fez a XP ser o que é atualmente! Bateu na tecla da resiliência, pois sem esse sentimento, teria voltado a trabalhar para empresas, já que estava formatando o seu currículo.
Por sua vez, David Vélez comentou que enfrentou infinitas dificuldades para colocar o seu projeto no ar, afinal como lançar um banco do zero no Brasil? Existiam muitas regulamentações e ele não sabia por onde começar. Encontrou muitas dificuldades, mas não desistiu e manteve a crença em seu sonho. Tudo mudou quando uma nota num veículo segmentado de tecnologia falou sobre o Nubank, e reforçou o poder do PR, foi isso que ajudou a marca a ganhar escala repentinamente com mais de 50 mil pessoas em dois dias na fila de espera para ter um cartão do banco!
No decorrer do papo, os quatro deram dicas que consideram fundamentais para o sucesso. Medina falou, mais uma vez, sobre resiliência, ter capacidade de sonhar, independentemente do tamanho. E ressaltou a importância em trazer mais gente para o seu sonho.
Já o fundador da XP disse que é essencial trabalhar a inteligência emocional mais do que os aspectos técnicos. Também comentou a importância da inserção do esporte na rotina e, neste caso, se colocou como exemplo, pois aprendeu boas lições de vida através do esporte, como respeito, competição e visão de longo prazo. Para fechar, citou a importância de errar curto e corrigir rápido, sempre encontrar uma oportunidade e dar continuidade. Não pare e tenha disciplina!
Vélez disse que vale a pena tomar risco e fazer o que as pessoas não querem fazer. Empresas grandes têm trabalhos que ninguém quer tomar para si. Esse é um grande diferencial para quem quer se destacar. E completou falando que colocar a tecnologia no centro da estratégia é fundamental.
Por fim, Gomide, da VTEX, explicou que existem diversas rotas para o sucesso, mas que trabalhar aficionado é uma das mais simples para o sucesso, e que isso precisa ser feito à longo prazo.
Além disso, comentou que outro passo importante é produzir algo que o mundo vai comprar de você. Inclusive, falou sobre ter um papel de CEO focado em gerar confusão, pois é assim que surgem as melhores ideias! No final do debate, se emocionou e afirmou que a sociedade prevaleceu!

Como se tornar um ícone global
Para a mais esperada palestra do Vtex Day, Sir Lewis Hamilton apareceu no palco após uma abertura emocionante que mostrou a cena do piloto carregando a bandeira do Brasil, em Interlagos, no ano passado, após vencer a corrida.
O começo da conversa com Hamilton falou muito sobre a sua paixão pelo Brasil e por Ayrton Senna. Lewis contou que tem apreço pelo país desde pequeno, muito por conta do futebol e dos times brasileiros. A paixão por automobilismo veio na sequência e, junto com ela, a admiração e idolatria por Senna. Não foram poucas as vezes que disse o quanto ama a população do Brasil e disse que também se sente um pouco brasileiro - neste momento foi ovacionado pelas quase oito mil pessoas que acompanhavam a sua palestra!
Voltando ao tema de Ayrton Senna, Hamilton comentou que sempre se inspirou no estilo agressivo do piloto nas pistas. Mas, além disso, reforçou que Senna sempre defendeu as coisas que ele achava corretas. E foi motivado por esse sentimento que Hamilton deu início a diversos projetos que valorizam a igualdade e as oportunidades para todos!
Como conselho para as pessoas, e se usando como exemplo, falou sobre não desistir e lembrou o primeiro campeonato que ganhou. Afirmou que isso o marcou demais, pois sofria muito preconceito e foi a maneira que ele encontrou de dar uma resposta aos “críticos”. Ele e seu pai sempre conversavam sobre e diziam que as melhores respostas sempre viriam nas corridas. Como maior motivador, Hamilton disse que o seu objetivo é sempre ganhar a próxima corrida, ter o foco em não parar de vencer, pois é isso que o mantém no topo. O sete vezes campeão do mundo disse que todo o dia precisa se sentir um campeão para vencer os seus objetivos. E é isso que todos precisam sentir!
Hamilton também falou bastante sobre a representatividade da comunidade negra nos esportes no Reino Unido e como ele trabalha para ajudar a que os números de pessoas negras nos esportes, ainda mais como a F1, cresçam. Ele comentou que ao longo da carreira, na equipe dele, seja na Mercedes ou McLaren, havia mais de duas mil pessoas, mas ele sempre era o único negro. Hoje, após algumas iniciativas, ele começa a ver mudanças, porém ainda não se sente satisfeito, por isso, criou uma comissão para tratar exclusivamente desse assunto.
Ao assinar o contrato mais recente com a Mercedes, Hamilton disse que não queria “apenas” pilotar. Queria entender todas as barreiras para que o esporte seja mais inclusivo e dar oportunidades para todos! Chamar as minorias até conseguir ver um esporte mais diverso. Assim surgiu a Hamilton Commission!
Por fim, parafraseou Ayrton Senna e disse que pilotar está no sangue dele. Mas que a cada dia quer ser um piloto melhor, um membro de equipe melhor, uma pessoa melhor e trabalhar a cada dia para ser a melhor versão dele. Mas isso só é possível com pessoas ao lado. Complementou dizendo que na vida há necessidade de se arriscar, e que quando não nos desafiamos, nos limitamos. E é por isso que ele sempre se desafia!

B2B Top 5 trends
No palco Main Track, Danilo Turbiani, Diretor de Ecommerce da Colgate Palmolive, Leandro Monteiro, Head Internacional de Vendas da BRF, e Maria Mujica, VP de Ecommerce Latam da Mondelez, participaram de um papo sobre trends e também como o mercado B2B está evoluindo.
Mujica começou falando que a Mondelez focou, primeiramente, em projetos para atender pequenos varejos, como um primeiro passo da transformação digital. Em geral, havia um receio do mercado ainda não estar preparado para consumir esse tipo de produto, no mercado B2B, por meio de varejo online.
Complementando essa primeira estratégia, Maria também citou o desafio de gerenciar o time de vendas, digital e físico, a coexistir. Comentou que, atualmente, a Mondelez tem lojas B2B para potencializar o pequeno varejo, e que ainda não tem potencial para uma expansão vertiginosa.
Já Leandro, da BRF, pontuou que uma das principais estratégias é valorizar o bem-estar do ser humano. Ou seja, resumiu isso entre unir o melhor do B2B com o melhor da máquina. Não há como negar que ter uma ferramenta B2B possibilita oferecer o que o cliente quer. Mas, na visão do Head Internacional, o papel consultivo que é feito para esse tipo de mercado é importante para dar mais tempo de o cliente atender os clientes deles. Um atendimento personalizado e individualizado.
Turbiani, da Colgate, reforçou que a transformação digital vem para agregar. O primeiro passo para quem está nesse canal é vê-lo como um aliado. No final, para obter sucesso, as empresas precisam ser mais customer centric, estar onde cliente está. O papel do e-commerce no mercado B2B é estar onde o cliente se sinta mais confortável em determinado momento. Não é fixo, já que em alguns pode ser no on-line, mas em outros, não. É uma forma de frear a fricção e perder menos vendas.
A VP da Mondelez finalizou reforçando a importância da gestão de mudança de pessoas e de hábitos. Não é fácil realizar essa transformação! Unir as pessoas internas, o time de vendas, o fornecedor. Isso é uma forma de criar comunicações omnichannel e muito importante para potencializar a agenda de todos.
Monteiro também falou sobre o papel dos mercados B2B entenderem que o e-commerce não é uma forma de competição, mas sim uma maneira de potencializar o que eles têm. O principal ganho é mudar a operação para melhor.
Para fechar, Danilo disse que testes são importantes, mas é preciso não se esquecer de estar em linha com o que seu cliente espera. Diminuir a fricção é o mais importante em todas as fases de teste!
Como consenso dos três painelistas, todos precisam olhar mais a fundo a logística para esse nicho. Tem que haver uma preparação para atender o mercado B2B, e não fazer isso do dia para a noite. Há de ser combinado com todos antes, desde o time de vendas, passando pelo atendimento, marketing e, claro, com os próprios clientes.

Metaverso
Carlos Busch, Partner do Grupo Primo, trouxe um assunto que não poderia faltar no maior evento de transformação digital da América Latina: Metaverso! Logo de início, fez uma pontuação, afirmando que Metaverso é uma grande oportunidade de valorizar a experiência do usuário, consumidor e até de empresas.
Busch disse que fomos ensinados a nos satisfazer pela "média". Não tinha opção, pois éramos restritos. Por exemplo: você quer ou não café? Não havia diversidade de programas na televisão, se não quiser assistir, vá fazer outra coisa. Hoje não podemos cair na armadilha de pensar pela média.
Já vivemos mais tempo procurando o que assistir do que propriamente assistindo, essa é a nova geração. Cada um escolhe o tipo de café que quiser. Cada um vê o programa que quer. Estamos numa transição. É só ver o funcionamento: antigamente era menos experiência e mais escala. Hoje é mais experiência e menos escala. Pois o que mais importa é a experiência, e a tecnologia vem para contribuir com isso.
É inegável que quem manda na sociedade é o indivíduo, é o consumidor. Se não trouxermos experiência para ele como marca ficaremos para trás.
Carlos elencou três pontos principais para falar sobre essa questão, que foram contexto, propósito e experiência, e usou o exemplo do Senna na época. Qual era o contexto? Um período em que o brasileiro vivia poucas coisas felizes, não ganhava uma Copa do Mundo há anos, democracia recém-conquistada, inflação em alta. Ou seja, o contexto era muito propício para virar herói.
E o propósito? Todos viam o cara que fazia de tudo pra vencer as corridas. Que entregava! Já a experiência era incrível, pois era maravilhoso assistir as corridas nos domingos. E precisamos trazer esse conceito para as marcas também!
O Partner do Grupo Primo relatou que o social commerce acontece sem a tecnologia, mas ela ajuda a aumentar a escala. E não há como negar que, fundamentalmente, nos conectamos com pessoas e não com marcas.
Trouxe explicações mais palpáveis do Metaverso: que é uma experiência ampliada e conveniência. Se a marca conseguir entregar experiência dando conveniência para elas, não tem como não sair na frente. No seu discurso, usou exemplos de aplicativos nos quais, atualmente, conseguimos ver como os tênis da loja ficarão em nosso pé, além de apenas comprá-lo. Dessa forma, é difícil não gostar da experiência de comprar pela internet, ainda mais com a nova economia, NFT etc, há um gigantesco potencial para crescer muito. NFT, por exemplo, é forma inteligente de distribuir acesso e exclusivadade para alguém que deseja.
O Metaverso vai conseguir criar ambientes para que possamos nos sentir próximos aos colegas que moram em outro lugar do mundo, com o intuito de aproximar as pessoas.
E por que isso é tão importante? O cliente esquece de você, do que disse, mas não de como você atendeu. Tecnologia serve para exponencializar esse atendimento e fidelizá-lo cada vez mais.
Todos os varejistas deveriam se questionar que tipo de experiência é possível proporcionar ao cliente por meio do Metaverso? Não é Metaverso pelo Metaverso, não é fazer só porque é sexy. É preciso questionar o seguinte: posso agregar para o meu tipo de negócio algo que ajude meu cliente? Vai me ajudar a comunicar-me de forma assertiva e personalizada? Pense nisso antes de, realmente, colocar algo em produção!

Storytelling
Storytelling tem poder! Ele ajuda a criar conexões e transmitir valor. Dessa forma, há uma importante diminuição no que é investido em mídia! Essa foi a discussão no painel que contou com a presença de Estevan Sartorelli, co-founder e CEO da Dengo, Márcio Callage, CMO da Vulcabras, Eduardo Varela, Diretor de Account Success da Vtex, e Joao Gustavo Pompeo, fundador e CEO da Eyemobile.
Abordar a importância de uma estratégia bem feita para o storytelling é fundamental para a fluidez e sucesso, pois, invariavelmente, vai diminuir o investimento em mídia. Foi assim que Eduardo Varela abriu o painel.
Logo na sequência, passou a palavra para o CMO da Vulcabras para que ele continuasse a ressaltar a importância da narrativa de marca. Na visão de Márcio, a marca tem dois caminhos: ou vende valor ou vende preço e desconto. Para ele, o valor é muito mais sustentável no longo prazo e foi nisso que apostou para uma das suas principais marcas, a Olympikus. Ninguém precisa de mais uma marca, mas sim de um propósito, de uma resolução. Falou muito sobre, atualmente, vivermos em uma sociedade desatenta, com saturação de mensagens e impulsos todos os dias, e constantemente.
Hoje temos que construir algo relevante senão ninguém presta atenção na gente. Pense em quantos bilhões de pessoas estão produzindo conteúdo atualmente. E é inegável que temos uma sociedade em rede, totalmente conectada. Ou seja, é o momento de termos mais chances de ter atenção das pessoas. Por que? Porque cada indivíduo pode se expressar da maneira que quiser e, com isso, encontrar outras pessoas, marcas e negócios com os mesmos valores que ele muito mais facilmente.
A história precisa se conectar com as pessoas. Nenhuma marca tem valor financeiro se ela não tiver valor de propósito.
Na sequência, Estevan Sartorelli, da Dengo, contou um pouco mais sobre o case de sucesso da empresa de chocolate. Começou explicando que o mundo não precisa de mais marcas, mas sim de empresas que estejam preocupadas com o impacto sócio ambiental, que tenham propósito - totalmente alinhado com a fala anterior de Callage. O propósito da Dengo era ser um movimento da mudança do cacau/chocolate no mundo.
O CEO afirmou que a Dengo não é barata, mas a Dengo é justa. Antes de uma marca avaliar o que é o produto que pretende comercializar, e do como irá executar esse processo, elas precisam saber o porquê.
Na visão dele, o varejo só é justo com causa e propósito. Só vale a pena um varejo que valoriza o humano, colaboradores e afins, além de oferecer personalização. Um varejo que tenha a conveniência da omnicanalidade. Importante que as marcas entendam que omnichanalidade é uma coisa, multicanalidade é outra.
Para fechar o debate, foi levantada uma questão importante para a Vulcabras. A Olympikus, uma marca de mais de 50 anos, não está defasada. Então, como manter a marca acesa depois de tantas décadas? A grande questão é entender a transformação do mundo e da sociedade. Hoje todo mundo é uma mídia potencial. Antigamente, grandes mídias geravam endosso, como patrocinador a seleção brasileira de vôlei. Hoje vale muito mais a pena convidar pessoas para participar do conteúdo, das ativações, e não precisam ser pessoas famosas, pois elas difundem a informação.

Liderança em momentos de crise
O empresário Abilio Diniz fechou o evento com um tema superimportante para todos: liderança em momentos de crise!
Ao pisar no palco, Abílio trouxe questionamentos profundos para todas as pessoas que o acompanhavam. Perguntou, por exemplo, qual foi a última vez que alguém tinha feito algo pela primeira vez. Diniz reforçou que esses pensamentos se tornaram mais latentes para ele após a pandemia, o que o fez refletir muito. Contou que, durante o período de isolamento, realizou mais de 70 lives para falar com pessoas e passar mensagens positivas. Não mensagens de consolo, mas de que o cenário iria mudar. Disse que esse tipo de mensagem precisa estar na cabeça das pessoas para que possam caminhar mais tranquilas!
Contou uma percepção de como vê o mundo atual: caminhando em alta velocidade. Antigamente, era muito mais factível desdobrar algumas ideias ou mesmo aperfeiçoá-las. Hoje não, não se copia mais, o mundo é dinâmico. Quando alguém pensa em replicar e aperfeiçoar algo, já foi feito e estão pensando em algo novo, e melhor. Contou que ele, particularmente, não tem pressa, mas precisa andar em alta velocidade. Isso é importante, esse é o nome do jogo. Enfatizou essa frase e até a repetiu em inglês fazendo uma correlação com o piloto Lewis Hamilton, que esteve naquele mesmo palco algumas horas antes.
Mudou um pouco a temática, e passou uma visão de mundo bem interessante, disse que a globalização nunca vai acabar. É claro que, atualmente, há uma tendência de que países precisam depender menos do exterior, e explorar mais o interior. Mas isso não derruba a globalização de forma alguma, surgirão apenas outras formas. Não consegue vislumbrar o futuro porque ele é incerto. Só que, ao invés de prever, Abílio disse que prefere construir. Programar o futuro como nós queremos é a melhor forma de ter garantias.
Ao falar sobre empresas vencedoras, listou algumas características que considera fundamentais para o progresso. Empresas vencedoras têm gestão, seguem princípios simples. Também falou que elas precisam ser centradas no seguinte formato: processo > gente, gente > processo. Não há como ter sucesso se a cultura não for baseada em gente, já que gente é o mais importante.
Abriu um parêntese para dar uma dica: quando for abrir empresa, não comece pelo CEO, e sim pelo RH. Não existe tecnologia ou inovação que consiga suprir pessoas. Tem que ter propósito, não só remunerar acionistas. Tem que ser empresa da felicidade. Colaboradores não precisam ser só fiéis, eles têm que ser torcedores. As pessoas dentro da sua empresa precisam estar felizes, seguras e comprometidas (isso é propósito). Finaliza essa parte relatando que uma empresa vencedora também tem que ter liderança. Não há nenhum negócio que cresça sem um bom líder.
Também deu ótimas dicas de como enfrentar crises, e a primeira delas foi ter serenidade, quanto mais sereno, melhores decisões. Só assim para sair de momentos difíceis. Listou outros pontos, como solidariedade e esperança, porque as coisas vão passar e mudança, já que as pessoas precisam de movimento, e precisam saber o que querem para chegar até lá.
Sobre erros, disse para não cometer erros velhos e que já trouxeram algum aprendizado. Se for cometer equívocos, que sejam só novos e que tragam novas lições. E se, ainda assim, algo der errado, pergunte-se sinceramente o que fez e não direcione a culpa para alguém. Por fim, Diniz disse para que as pessoas não tomem decisões precipitadas. Sugeriu que elas tomem riscos, mas riscos calculados.

Confira o resumo, em vídeo, dos dois dias